por Guilherme Bueno
Não se pode separar a emissão da recepção. É o velho caso do opor para definir: sem uma, não há a outra. Ao mesmo tempo, podemos pensar que nenhuma informação existe em estado puro, pleno, já que só é informação o que se veicula. Juntando as duas teses, temos que toda música, texto ou peça artístico-cultural só existe quando tocado, lido ou executado (emitido) e, por consequência, recebido. O resultado é que metade do que ouvimos é como o produto é concebido (composição e execução) e a outra metade, como recebemos.
Para quê tudo isso? Para chegarmos à aplicação prática da regra: a banda Letuce (RJ) não simplesmente nos encantou pela sua maravilhosa performance. Sendo a última banda dessa ensolarada tarde de domingo e, por feliz consequência, da primeira edição do Grito Rock Campinas, tocou a platéia de forma especial. Dessa forma, um singular pico emocional foi alcançado. Recebemos as canções com a alegria de saber que tudo deu certo. Com um estilo mais calmo (que também não deixa de transitar pela agitação) e pautado pela fértil combinação de rock com mpb, ficou fácil esquecer de tudo e celebrar a vida.
Foto: Ale Lehmann |
Um gostinho de saudade fica com a última frase, na última música. O Grito Rock deixa de produzir vivências e passa a consolidar memórias. Em relação a Letuce, não é preciso dizer muito: as imagens falam por nós, a platéia cresceu e reagiu, revelando também sua opinião favorável. Imensa satisfação é ter uma chave de ouro como essa! Encerramos o Grito Rock sentindo um delicioso gosto geral de aprovação e com a expectativa de muito mais.
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