quarta-feira, novembro 16, 2011

Som da Cozinha com Cícero



O projeto Som da Cozinha - parceria entre o Ajuntaê, a Casa São Jorge e o Rock’n Beats - chega à sua terceira edição no próximo domingo, 20 de novembro, e segue apostando na fórmula feijoada + música brasileira. A feijoada, como de costume, é das boas, e a música, nessa edição, mantém o padrão de altíssima qualidade das edições anteriores: dessa vez, o carioca Cícero é quem se apresenta para o público campineiro.

DJ, produtor e ex-vocalista da banda Alice, Cícero traz à região as composições de sua estreia como artista solo, o álbum “Canções de Apartamento”, com dez canções autorais e que foi disponibilizado para download em seu site oficial em junho desse ano.

Ato de sensibilidade rara na cena atual, Cícero é constantemente comparado a nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso e Milton Nascimento - só para citar alguns. Também é descrito como um artista ‘climático’, daqueles que é necessário estar num determinado estado de espírito para poder apreciar ao máximo. Na verdade Cícero deve ser visto como um artista, simplesmente. Daqueles que não é necessário uma comparação prévia, e nem um determinado humor, para entender a beleza de suas canções.

  
Com seu vocal doído, Cícero transborda emoções. Dentre as várias, um misto de tristeza e esperança, de nostalgia e ansiedade pelo que está por vir. Suas composições são extremamente poéticas: simples, delicadas e brilhantes. As analogias presentes nas letras não são complexas, mas, ao mesmo tempo, conseguem fugir do óbvio. Mérito de Cícero.

De seu álbum “Canções de Apartamento”, é difícil apontar algumas faixas que se sobressaem - ouça todas, é o que eu aconselho. Para deixar algumas indicações, comece com “Tempo de pipa”, que possui um ar retrô irresistível de carnaval de rua de décadas atrás. E a letra, ao mesmo tempo em que tranquiliza (mas tudo bem, o dia vai raiar pra gente se inventar de novo), também provoca (onde você tem paixão?).

Já “João e o pé de feijão” é uma faixa soturna, com uma amargura sublime, vocal que arrepia, e letra belíssima que fica ecoando na cabeça (‘ainda não fazem pessoas de algodão, ainda não fazem pessoas que enxuguem suas próprias mágoas’). Além dessas duas citadas, o destaque também vai para “Ensaio sobre ela” e “Eu não tenho um barco, disse a árvore”.

Deu pra perceber que Cícero foge do comum, certo? Então, não perca a chance de vê-lo ao vivo no próximo domingo. A alma agradece.


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