Felipe Garcia Garcia
Toda a montagem e a produção da apresentação contou com várias parcerias e colaborações interessantes, cada um na sua frente artística, que agregaram para acrescentar e enriquecer o processo. Entre elas, o fotógrafo Pedro Spagnol, a artista Jéssica Coqueiro, o músico Ivan Gomes de Oliveira e a colaboração do Coletivo Ajuntaê.
"Em verdade vos digo que chegará o dia em que a nudez dos olhos será mais excitante
que a do sexo" Lygia Fagundes Telles
Herdando fragmentos de sua própria temática e, abusando de altíssima densidade, subjetividade e lirismo, a apresentação concebe um tema central, o corpo feminino, em suas mais intimas interações com os dogmas da essência humana. Tece, sem nenhum pudor, quebras de processos dolorosos do nosso ser, propondo as suas relações agudas quando contempla-se o encontro "ao outro". Numa sociedade que reflete seus traumas, travas, ansiedades, inseguranças e limitações, o espetáculo vivência com dores e delícias, doces e amargos, usufruindo do tudo e do nada, as mais deliciosas brasas da nossa existência.
E é esse o belo e o saboroso da arte, ao qual o espetáculo soube muito bem namorar, pois vai realmente além do masculino ou do feminino, do machismo ou do feminismo, ou de qualquer definição de gênero cabivel que se mostra insustentável por si só. Vislumbra o desprendimento. Fala de relações, e propõe as desgraças de nossos desgastes mais humanos. Ainda bem que nossa natureza é cíclica e, talvez, essa característica represente, exatamente, os únicos respiros e alívios do espetáculo.
Tocando cada pessoa de um jeito diferente, realçando as inspirações e aspirações de cada olhar em si, cada corpo com suas imperfeições recebendo um novo, dissimulado e diferente toque. É o que faz, artisticamente, romper e quebrar nossas desvairadas maldições. Todo esse cortejo apenas para trovar-lhes: abram suas caixinhas de sensações e sejam bem-vindas (os).
Um comentário:
Gostei da matéria mano
Postar um comentário